domingo, 3 de abril de 2011

minha tarde, meu jeito

Com tanto que eu possa passar essa tarde de chuva do meu jeito, lendo jornal e meus poemas confusos, quem sabe um filme ou porra nenhuma, do meu jeito, você manda. Depois disso, será o que você quiser, eu deixo. Eu deixo, depois, mas, agora, a tarde é minha. Podes ficar junto, eu adoro a tua companhia, mas a minha tarde é minha. Te dou parte da noite, porque a noite é longa. A minha é. Mesmo te dando a noite ainda tenho a madrugada, mas meu dia é curto e a manhã não tenho, portanto, a tarde é minha.
És bem vinda. Mais que bem vinda. Mas não vem me tirar do meu jeito nem pedir animação. É minha tarde, é meu jeito, não vai ter faustão. Sem peixada do cacau nem voltinha na praça de alimentação. Minha tarde, meu jeito: sem reclamação.
Não te seguro, não te prendo. Te quero, mas quase nem te peço. Sei aonde não vou, é pegar ou largar.
Depressão? Pode ser, se isso significa não ter saco pra sustentar o sorriso colgate por mais de três assuntos banais. Não, não vi a roupa dela. Não, não conheço a lady gaga e, não, NÃO, não sei quem foi pro paredão!
Depressão? É, depressão! Se quiser, é o pacote inteiro. Te lambusaste nos aperitivos e nos licores doces da entrada. Meu amor, não chegarás à sobremesa sem o prato principal. Minha doçura vem junto com amargor, azedume, muita pimenta e bafo de álcool destilado.
Se queres voar alto, é melhor perder o medo da queda. E sabes que comigo a queda certa, e é pesada. O fundo do poço vem de mãos dadas com as nuvens e as estrelas. A paixão no amor vem agarrada com a paixão na dor.
Equilíbrio? O equilibrio é cinza, meu amor. Se queres minha luz, tem que encarar o meu negror. Se queres meu sorrizo, tem que aguentar o meu rancor. Se quiser é assim. Minha tarde, meu jeito. É pegar ou largar.

Um comentário:

  1. Um dos meus preferidos!
    Esse veio com força. Não consigo ficar longe do duplo sentido...

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