segunda-feira, 4 de abril de 2011

a pergunta

Acho que a pergunta que tu realmente sempre me quis fazer, mas nunca encontrou tão boas palavras, é porque a felicidade é algo tão dificil pra mim. Essa era a resposta que os teus xiliques, xingamentos, desapontamentos e frustrações, exigiam. Era uma fair question, mesmo quando feita assim tão desajeitada. A resposta pra esclarecer a frustração de ter se apaixonado por esse menino de sorrizo gigante, que te encantava com ideias malucas, dancinhas ridiculas e imitações tosquinhas num sabado a noite qualquer, mas que no seguinte sabado qualquer podia estar prostrado numa depressão incompreensível e inexplicavel, onde tuas tentativas de animação não ouviam nenhum eco.
É, eu sou complicado. Se fosse explicar o que passa na minha cabeça, se eu acaso conseguisse... A felicidade é mesmo algo dificil pra mim. Ela, como ninguem, pouco consegue vencer a batelada de exigencias que eu faço e, mesmo insistente, fica sendo ora aceita e ora rejeitada, pela pessoa que mais a quer e mais a despreza e provavelmente mais a necessita. Ela fica de fora, confusa e ao vento, excluida numa noite comun, assim como eu mesmo, pois tambem nao sou páreo para minhas proprias exigencias.
Eu não admito a felicidade falsa. E nessa minha cabeça maluca, assumi o emprego de fiscal, e tal gato atraz do proprio rabo, fico checando cada manifestação dela, numa de cara cracha e checagem de procedencia, que consegue aguar qualquer festa. Por causa desse vicio perscruto o escrutinio de cada entranha desdenhosa, de cada palheiro e, claro, acho muitas agulhas.
Eu vejo muita falsidade por aí. Nao entre as pessoas, mas nelas mesmas. A gente busca desesperadamente alguns ideais que nem sabemos se existe, e aceitamos qualquer coisa parececida com isso, pensando e declarando ser exatamente aquilo, ou ate mais. Vivemos num mundo onde, na falta de moedas verdadeiras, aceitamos as falsas, e todo mundo finge que acredita. Num mundo sem dinheiro, usamos fichas do banco imobiliário e tal qual a roupa do rei, ninguem ousa notar. Eu ouso.
Não sou mais sincero que ninguem, ou que muitos. Foi vendo minha propria falsidade, que ainda existe, e sentindo nojo dela que comecei a pensar nisso. E é atras dessa falsidade, em mim, que corro atras. A dos outros eu só descrevo, fazendo delas a minha profissão, enquanto da minha o meu martírio.
O amor que vejo é projeção, é carencia, é auto-estima, é narcisismo. E eu nao sou niilista, e isso me deprime.
A felicidade é a coisa mais fragil que existe e a mais falsa. As pessoas se arregaçam pra qualquer naco dela, como pombos brigando por qualquer migalha, e cada migalha alcançada é alucinada como um pão imenso, ergida e anunciada, como a prova aliviante de que se conseguiu a felicidade. “Olha, eu sou feliz! Olha, eu sou feliz!” Essa é a vida. Migalhas erguidas feito pao. Uma grande panaceia.
Mas eu não sou niilista, entao isso me deprime.
As dores não são reais, são alucinações, mas sofridas como dor. As felicidades menos reais, e vividas como um breve alivio do tedio e do vazio, o que é o ensejo da dor. And so it goes...
Esperança? Claro que eu tenho. E muita. É quando me ves como me gostas. Desesperança? Tambem... como disse, eu nao sou niilista, e por quase não a aguentar, mas tampouco desistir, só me resta deprimir.

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